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Gastronomia em risco: a conta não fecha mais

  • Foto do escritor: Lulu Peters
    Lulu Peters
  • 20 de set.
  • 2 min de leitura

Clientes sem poder aquisitivo acusam restaurantes de serem caros demais. Restaurantes seguram o máximo de repasse da inflação e, mesmo assim, não enchem como antes. Essa conta já está negativada e estamos fingindo que não.


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Sempre haverá gente rica em Brasília. Temos, sim, empresários, publicitários, herdeiros. Temos assessores parlamentares, lobbistas, representantes de classe, advogados, gente com cartão corporativo, que gasta bem. Entre terça e quinta.


É devido reconhecer que o grosso da clientela da gastronomia por aqui, sempre foi uma classe média que, no cenário de economia em crescimento de 2005 até 2013, com constantes reajustes salariais - pelo menos na área federal -, estabilidade financeira e nome limpo parecia, bem, rica.


Mas sempre foi apenas uma classe média que, agora, com seu poder aquisitivo extremamente reduzido mostra que não tem mais como sustentar o boom gastronômico ocorrido nos últimos anos.


O salário de 20 mil reais há alguns anos, pagava um carrão de 80 mil em 48 prestações, a gasolina de 3,00; a escola de 2 mil; o terreno ou apartamento de 600 mil em 30 anos; e sobrava para curtir restaurantes uma vez por semana, computando aí seus 600,00 de recompensa por ser um concursado responsável.


A escola passou para 3.500,00. O carrão, 120.000,00. Gasolina, para 6,50. O imóvel, mesmo quitado, subiu para 1mi e com isso, o IPTU, o condomínio, a manutenção, a limpeza também aumentaram. Li recentemente que a inflação de 2010 para cá foi de 141%. E o salário do servidor público, que, comparado com o CLT e outras capitais, ainda é muito bom, mas dependente de lei e orçamento especfíco, aumentou, mas é como se fosse de 20k para 25k. E isso não cobre mais.


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Agora, tudo isso também aumentou para o restaurante. O aluguel, o condomínio, o IPTU, a luz, a água, os compromissos sindicais, o salário mínimo. O repasse tem sido retido ao máximo, mas não tem jeito. Entre entrada, principal, sobremesa, vinho, manobrista, paga-se, pelo menos, 250,00 numa boa saída. Uma vez na semana, isso vira 1.000,00, por baixo. E mesmo sendo mais barato que muitos serviços e produtos pelos quais pagamos acumuladamente, como internet, celular, streamings e prestações, o restaurante é taxado, de imediato, como luxo.


Sim, em tempos de crise, a revisão de prioridades é mais rigorosa. Se um plano de saúde subiu para 2.500,00, não tem como cogitar gastar metade disso saindo para comer. E isso é triste. Porque não é culpa do restaurante. Não é culpa do cliente. É um contexto de massacre econômico que Brasília, às vezes, sente com menos força por causa da tal estabilidade do serviço público. Mas tá aí. A crise tá aí. Vamos ver quem vai conseguir ficar sem estar amparado por conglomerados de empresários que nasceram ricos ou por políticos que precisam lavar dinheiro.



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©2023 por lulupeters

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