Restaurant Week 2025: deu para curtir, mas algo está diferente
- Lulu Peters
- 18 de mar.
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de mai.
Em seu recorde de participações, vários chefs e proprietários se mostraram insatisfeitos com o resultado do festival. Deu para curtir? Sim. Mas será que a RW sobrevive mais tempo sem uma mudança?

Em um mundo de constante mudança, é de se estranhar que algumas campanhas estejam seguindo a mesma rota há tantos anos.
Eu estava lá, no início, na primeira edição da Restaurant Week, em 2008.
Desde o princípio, manter a coerência com a proposta marketeira iniciada em Nova Iorque em 1992 seria muito difícil, senão impossível. A RWNY começou com uma campanha apenas de almoço, que além de oferecer preços promocionais para seus restaurantes caros e estrelados, ainda arrecadaria dinheiro para filantropia.
Uma megalópole, conhecida como centro do mundo dos negócios e da moda, contava com muito mais restaurantes para poder atrair pessoas de todo o mundo. Então, aqui, houve uma necessária adaptação. Mas funcionou muito bem. Casas como Zuu e Universal Diner, da Chef Mara Alcamin, por exemplo, e o romântico Villa Tevere, à época, dos proprietários Suzana e Flávio Leste, eram consideradas de difícil acesso mesmo, e lembro de vê-las LOTADAS no festival.
E era muito divertido mapear as visitas que seriam feitas e tornar o almoço em dia de semana mais badalado.
Ainda que várias casas da época estejam em pleno funcionamento, outras fecharam, os menus começaram a estagnar, e parece não ter havido nenhum esforço na renovação do propósito do festival.
A última edição contou com apoio do Governo do Distrito Federal (GDF) e promoção pela Secretaria de Turismo (Setur-DF), e 150 participantes e foi a campanha mais apagada que eu já vi. Parecia que nenhum dos envolvidos estava realmente engajado. Vi pouca propaganda, e eu mesma, como colunista, mal fui convidada para conhecer menus, para ajudar a divulgar. Fui por conta e me garanti em locais que sempre fazem um trabalho impecável, como é o caso da Ticiana Werner, Fred Restaurante, Nonna Augusta e até o ainda novinho Zante, que tem uma excelente comida grega.
Nos bastidores, os proprietários sentiram a mesma coisa, na verdade, foi deles que partiram os relatos que inspiraram esse texto. Afinal, eles pagam para participar, dependem da publicidade da organização do evento, e acompanham o desempenho próprio e de colegas.
Eu venho registrando meu mau presságio para gastronomia brasiliense, com a falta de espaço para inovar, insumos e aluguéis caríssimos, além do problema mais recente de críticas desmedidas e infundadas que alimentam rankings como Google e Trip Advisor.
Sigo torcendo por todos, mas acho que uma renovação é cabível....
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