Soft opening: porque respeitar este conceito
- Lulu Peters

- 15 de fev. de 2024
- 2 min de leitura
A galera parece realmente gostar de derramar sangue gastronômico na internet: enquanto as casas avisam que estão em processo de ajuste, tem gente que quer aproveitar justamente o cenário de despreparo para fazer críticas desmedidas
Absolutamente nenhuma empresa consegue abrir as portas sem um test drive real, para promover ajustes baseados na prática e não apenas na teoria. No mercado gastronômico, não apenas tem gente que esquece que um restaurante é uma empresa com várias frentes de trabalho que precisam ser constantemente alinhas, mas parece adorar quando um restaurante admite que abriu as portas, mas ainda está se ajustando, justamente para ir lá, visitar e meter o ferro na internet.
Eu não sei se é uma coisa do brasiliense, de gente jovem, mas a verdade é que críticas desmedidas, hoje, vendem muito bem na internet. Um quê de soberba e arrogância parece inspirar admiração de seguidores.
Tudo bem que, abriu as portas, está sujeito a avaliações e críticas, porém, são pouquíssimos os clientes que, de fato, sabem comer ou entendem de processo gastronômico a ponto de fazer uma crítica que seja realmente objetiva.
Com o conceito de "experiência completa", então, parece que tem gente que vai para o restaurante ao invés de ir para a terapia e, claramente, por sair frustrado, vazio e sem noção do que estava realmente buscando, vai à internet e usa seu aspecto democrático para atacar de maneira exagerada e mal fundamentada o restaurante que nunca teria uma chance de agradar, pois esse tipo de pessoa já vai com o propósito de odiar tudo.
Por isso, quando uma casa avisa que está no período de soft opening, quer dizer que ela está testando na prática o treinamento da mão de obra, a constância dos fornecederes, a estabilidade da cozinha. Ou seja, é um projeto que está engatinhando e não correndo.
Gente que adora ir num projeto engantinhando para julgá-lo como um corredor, tá eivado de má-fé, sinto muito. E isso é tão óbvio, porque o oposto também acontece: casas que não melhoram, não investem em estoque, vivem de se chamarem de afetivos e artesanais para fazerem um péssimo trabalho. Mas como são sustentados pelos amigos e pela galera que compartilha da ideologia, acabam sendo mais beneficiados do que a galera que admite que está abrindo um negócio - e não uma tenda do amor - mas ainda precisa de tempo e feedback construtivo para melhorar e estabilizar.
Enfim, fica a reflexão.

















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